REPORTAGENS VISUAIS#AMAZÔNIA
Foi floresta
Caio Guatelli | AmazôniaEntre 1964 e 1985, época que o Brasil foi governado por uma ditadura militar, a Floresta Amazônica era considerada um símbolo de atraso. A exploração predatória abria estradas, dizimava populações indígenas e convidava a nação a ocupar a região. A transformação da floresta em pasto era chamada pelos militares de "milagre brasileiro".
Em meio século, o conhecimento despertou a consciência ambiental. A região passou a ser chamada de "pulmão do mundo" e trouxe à tona a preocupação em preservar a floresta pelo bem da humanidade.
Contudo, o poder da indústria extrativista e do agronegócio fez com que milhões de quilômetros quadrados do mais rico bioma do planeta continuassem a ser aniquilados para dar lugar a pastos, plantações, jazidas, garimpos e cidades.
A situação ficou ainda pior entre 2019 e 2022, período que, sob o governo do ex-capitão-do-Exército Jair Messias Bolsonaro, o país voltou a flertar com o militarismo.
Com Bolsonaro, a mensagem política da extrema direita espalhou incentivos para devastar a floresta a qualquer custo.
A nova onda de destruição quase dizimou a população da etnia Ianomâmi no estado de Roraima e assassinou milhares de outros indígenas, como o jovem Ari Uru-Eu-Wau-Wau (Jaru, 2020).
Assassinatos brutais contra os guardiões da floresta, como os do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Philips, esquartejados no Vale do Javari em 2022, mostram que os crimes contra a Amazônia e sua cultura não mudaram nada desde as mortes de Chico Mendes (Xapuri, 1988), da missionária americana Dorothy Stang (Apuí, 2005), do Massacre de Eldorado dos Carajás (1996), ou da chegada das caravelas de Cabral em 1500, quando tudo era floresta.
Esta reportagem fotográfica traz um retrato da política antiambiental e anti-indígena que colocou em risco o futuro da maior floresta tropical do planeta durante o governo de Jair Messias Bolsonaro.